A população brasileira está endividada. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) identificou que, em 2021 ー segundo ano da pandemia do coronavírus, quase 70% das famílias deixaram de pagar alguma conta.
A CNC registra esses dados desde 2010 e considera como dívidas: contas que não foram pagas, cheque pré-datado e especial, carnê de loja, empréstimos consignados e pessoais, além de prestações de carro e casa. Segundo o relatório, esse endividamento de 69,7% é o maior já registrado.
Especialistas já falaram várias vezes que a população brasileira não tem educação financeira. Mas com a pandemia, as dívidas deixaram de ser relacionadas a bens duráveis e passaram a envolver coisas básicas. Alimentação, contas da casa e até mesmo mensalidades de escolas e universidades.
Diante de tantas mudanças e ajustes no planejamento financeiro, é preciso ajustar o orçamento da família. Isso envolve conversar com as crianças quando elas querem comprar brinquedos, sapatos ou roupas que não estavam no orçamento.
Como falar sobre dinheiro com crianças? Como ensinar educação financeira para crianças e evitar que elas se tornem adultos sem organização?
Continue a leitura do artigo que vamos passar algumas dicas. Vamos lá?
Por que investir tempo na educação financeira para crianças?
Se você investir em educação financeira para crianças desde cedo, seu filho ou filha vai ser um adulto que sabe lidar com dinheiro.
Mas não se trata apenas de falar sobre o assunto, os pais precisam dar exemplo e se informarem sobre finanças pessoais. Só assim vão conseguir passar informações corretas para as crianças.
Parte do sucesso de uma pessoa depende da situação financeira em que ela se encontra. E não se trata apenas de poupar dinheiro. Saber lidar com ele significa montar orçamentos, fazer planejamento financeiro e estabelecer metas para poupar e investir.
Quer saber como ensinar educação financeira para crianças e garantir que seus filhos tenham sucesso financeiro na vida adulta? Continue a leitura!
Qual a importância de conversar sobre educação financeira para crianças?
Você já percebeu que muitas vezes as crianças são excluídas das questões financeiras da casa? Em geral, dizemos que é assunto de adulto e não incluímos elas nos planos e projetos da família.
A questão é que elas são parte da família e podem e devem participar da organização financeira da casa. Ensinar educação financeira para crianças é trazer responsabilidade, organização, independência e autonomia para os filhos.
Ensinar noções básicas de como lidar com o dinheiro vai fazer com que as crianças sejam capazes de ajudar a economizar para juntar dinheiro. Assim, elas vão crescer mais conscientes em relação às finanças e entender a importância de ter um planejamento financeiro.
Desde muito cedo quando as crianças aprendem os números, já é possível explicar a diferença de preço e entender o valor das coisas. Ter um pensamento crítico em relação ao dinheiro torna a criança em um adulto mais responsável que sabe administrar o orçamento, que gasta com consciência e evita o endividamento.
Quando a criança ganha dinheiro, a tendência é que gaste tudo de uma vez sem entender que vai acabar e ela pode querer outra coisa no futuro.
É claro, ao incluir a criança nas finanças da família, há um limite. Considere a idade da criança, afinal, a responsabilidade de cuidar do dinheiro e pagar contas ainda é dos pais.
Dicas de como falar sobre educação financeira para crianças
Falar sobre educação financeira para crianças pode parecer um grande desafio no começo, mas você vai ver que eles entendem mais do que você imagina.
E ainda vai ajudar você a não passar por cenas constrangedoras quando precisar dizer não para algo que a criança quer!
Vamos ver alguns assuntos que você pode ajudar a desenvolver na criança:
1. Poupe pelo seu filho desde já
Ter dinheiro guardado para começar a vida adulta é uma boa ideia. Esse valor pode ser decisivo quando seu filho quiser fazer uma graduação ou até mesmo investir em seu próprio negócio.
Não há mistério, o importante é começar a poupar e investir! Quanto antes, melhor o resultado. Já ouviu falar que tempo é dinheiro? Acredite, é verdade.
Vamos supor que você guarde mensalmente uma quantia para a reserva financeira do seu filho. Desde o nascimento do seu pequeno até o começo da vida adulta. Serão pelo menos 18 anos de acumulação, junto de um bom fundo de investimento, aproveitando a magia dos juros compostos.
E claro, não faz sentido poupar por anos e entregar o valor nas mãos de alguém que não sabe lidar com dinheiro. É por isso que é tão importante ensinar educação financeira para crianças. Você construiu o patrimônio e quando chegar a hora, seu filho vai estar pronto para gerenciar o valor.
2. Seja um exemplo
Se você não poupou quando era mais novo, nunca é tarde para começar. Não dá para voltar atrás e fazer diferente. Mas, com certeza, você tem algum objetivo que sonha alcançar e com planejamento financeiro vai chegar lá mais rápido.
E a melhor parte: você vai ser um exemplo para seus filhos. Pense comigo! Você quer que eles aprendam sobre o hábito de poupar regularmente e tenham, no futuro, uma reserva financeira. Isso só vai acontecer se você der o primeiro passo e ser um exemplo.
3. Comece a educação financeira para crianças cedo
O momento ideal para iniciar as lições financeiras é quando a criança começa a fazer pequenos pedidos. É importante deixar claro que não dá para comprar tudo de uma vez e ensinar sobre prioridades.
Inclusive, se você falar abertamente sobre finanças com as crianças, elas serão mais conscientes e esses pedidos tendem a diminuir.
4. Mostre de onde vem o dinheiro
Crianças não sabem de onde o dinheiro vem ou porque você sai todo dia cedo de casa. Por isso, mostrar para o seu filho como você consegue comprar os brinquedos preferidos dele é muito importante.
Isso vai fazer ele entender desde cedo que o dinheiro vem do trabalho e valorizar cada compra que fizerem juntos. Também é legal mostrar as contas de casa, porque existem e precisam ser pagas. A luz, a água e a comida. Nada vem de graça, né?
O dinheiro não precisa ser tratado como um problema, já que, de fato, não é. O problema vem do uso desordenado. Mostre que para realizar determinado sonho ou objetivo é necessário abrir mão de outros gastos do dia a dia.
5. Lições financeiras
Mantenha uma rotina de lições sobre finanças e dinheiro de forma geral, tratando o assunto em casa diariamente. Jogos deixam o assunto mais envolvente, o que é uma forma de prender a atenção e garantir a diversão de todos.
Você pode começar as lições inserindo pequenos desafios. É possível, por exemplo, usar a ida ao mercado como aprendizado.
Entregue uma certa quantia de dinheiro e uma lista de compras nas mãos de uma criança, o desafio é comprar tudo de forma econômica. Essa tarefa pode ser aplicada no dia a dia e mostra um princípio financeiro básico: é necessário ganhar mais dinheiro do que gastar.
É comum que muitos pais não saibam como investir na educação financeira para crianças.
Para facilitar, confira as dicas que demos neste artigo: Como falar com crianças sobre dinheiro?
6. Mesada
Usar a estratégia da mesada também funciona como a primeira experiência de uma criança. Você pode criar com ela um orçamento, o que já ajuda a entender que não dá para gastar tudo de uma vez.
Uma boa dica é mostrar que a comida de casa sai do orçamento familiar, mas o lanche da escola deve sair da mesada. Ou ainda, que os livros são custeados pela família, mas o dinheiro para o xerox do colégio vem da mesada.
Ao final do mês, ajude as crianças a entenderem como gastaram a mesada e se sobrou alguma quantia para o mês seguinte.
7. Informe-se sobre a previdência privada
Se você está preocupado/a com o futuro dos seus filhos, informe-se sobre a previdência privada.
Esse tipo de investimento é ideal para construir patrimônio e tem vantagens para objetivos de longo prazo. Para aplicações com mais de dez anos na tabela regressiva, por exemplo, a previdência tem a menor alíquota (percentual de imposto de renda cobrado) do mercado: 10%.
Você escolhe quanto quer guardar, envia o dinheiro todo mês e ele é aplicado em um fundo de investimentos. Débito automático ou boleto, você que escolhe.
Quando se trata de poupar dinheiro para o futuro dos filhos, o tempo é o grande aliado. Além da alíquota diminuir, os juros compostos fazem o dinheiro crescer exponencialmente.
O mais legal de tudo é que o plano não precisa ficar no seu nome, a criança pode ser a titular da previdência privada, desde que já tenha CPF. E você, pai/mãe, fica como responsável financeiro até ela completar a maioridade.
A previdência privada é um ótimo jeito de investir na educação financeira para crianças
Para saber mais sobre o tema, leia nosso ebook gratuito: Tudo o que você precisa saber sobre previdência privada.
Como tornar atrativa a educação financeira para crianças?
Uma das coisas boas sobre ensinar educação financeira para crianças é que você pode fazer isso em momentos descontraídos em família.
Faça brincadeiras e jogos no dia a dia, como fazer compras de supermercado com direito a carrinho de compras e caixa registradora. Vai ser divertido e educativo ao mesmo tempo.
E existem muitos jogos tradicionais que ensinam sobre finanças, como o Banco Imobiliário que já conta até com maquininha de cartão. Será que as novas versões vão vir com pix?! Você pode comprar a versão júnior do jogo ou pode jogar online, como as crianças preferirem.
Além disso, muitos livros e histórias abordam educação financeira, e alguns autores escreveram especialmente para esse público como “O dinheiro compra tudo?” da Cássia D’Aquino, ou ainda em clássicos como “A galinha dos ovos de ouro”.
Seja você adulto ou criança, aprender a lidar com dinheiro é muito importante!
Para saber mais sobre investir no futuro dos seus filhos, leia o artigo: Previdência privada para filhos: como fazer uma previdência infantil
